Uma Loucura Chamada Amor (1997)

Cena do filme Love Jones. Na imagem temos a imagem de Nina (Nia Long), uma mulher negra, de cabelo curto preto, com boné preto. Ao seu lado está Darius (Larenz Tate), homem negro, cabelo preto raspado. Eles estão em um restaurante.

O longa-metragem teve a sua estréia no Festival de Cinema de Sundance (Foto: New Line Cinema)

Ludmila Henrique

Amor não é somente algo que se ganha, é algo que se constrói. Compartilhar esse sentimento com outra pessoa vai além do afeto, é vivência, cuidado e dedicação. Em Uma Loucura Chamada Amor (1997), longa-metragem de estreia escrito e dirigido por Theodore Witcher, encontrar o amor verdadeiro pode ser mais complexo do que aparenta. 

Considerado um marco do cinema de Chicago nos anos 90, Love Jones (no original) levanta inúmeros questionamentos para responder à principal pergunta: como sabemos que encontramos a pessoa certa? Darius Lovehall (Larenz Tate), um jovem poeta, fica encantado com Nina Mosley (Nia Long), fotógrafa de uma pequena revista da cidade. Mas, antes que o romance entre eles possa tomar forma, antigos relacionamentos e traumas retornam, tornando ainda mais difícil a consolidação desse amor. 

Cena do filme Love Jones. Na imagem temos a imagem de Nina (Nia Long), uma mulher negra, de cabelo curto liso preto. Ao seu lado está Darius (Larenz Tate), homem negro, cabelo preto raspado. Eles estão andando em um parque á noite, perto de uma fonte

Em 2025, foi confirmado que Larenz Tate e Nia Long vão estrelar uma nova comédia romântica para a Netflix (Foto: New Line Cinema)

Darius e seu grupo de amigos se reúnem diariamente no The Sanctuary. Entre filosofias e debates sobre os mais diversos assuntos, sobretudo amor e sexo, o clube noturno funciona como um verdadeiro palco da boemia negra de Chicago. A interação entre eles é formidável, marcada pela união de jovens poetas, intelectuais negros, músicos e artistas de maneira geral. O encontro de Lovehall e Mosley também começou naquele local, através de um poema - Um Blues para Nina - no modo mais clássico dos clichês românticos.

O casal compartilha dos mesmos interesses. Por serem ligados à cultura, carregam uma bagagem sólida de referências sobre jazz, fotografia e literatura. A paquera entre eles é quase como um papo cabeça, porém com um toque de erotismo. Sabe quando os nossos gostos parecem falar mais alto que nós mesmos? É exatamente isso que acontece entre os dois. A química entre os personagens é evidente, e nasce, principalmente, da conexão entre os atores. Graças a Tate e Long, cada frase proferida parece sensual, ainda que o assunto em questão seja o mais cotidiano possível.

Cena do filme Love Jones. Na imagem temos a imagem de Nina (Nia Long), uma mulher negra, de cabelo curto preto liso. Ao seu lado está Darius (Larenz Tate), homem negro, cabelo preto raspado. Eles estão em uma festa, com luzes vermelhas e pretas.

O diretor afirma que ele queria jovens atores ao invés de atores famosos para compor o elenco do filme (Foto: New Line Cinema)

O longa-metragem é igualmente belo e atrativo. Esse lado mais culto entre a comunidade preta raramente ganha espaço nas telas, e o olhar de Witcher para esse cenário é muito cuidadoso. A riqueza de detalhes - das figuras que atravessam ao fundo das cenas aos espaços escolhidos para gravações, passando pelos minuciosos aspectos visuais dos personagens - foram selecionados a dedo, só para poder contar essa história. O mesmo cuidado se estende à trilha sonora, que une blues, jazz e R&B ao longo de seus 110 minutos. Impossível um soundtrack com John Coltrane, Al Green e Ms. Lauryn Hill ser imune de aplausos. 

É claro que nem tudo é perfeito entre os dois. Um relacionamento marcado por idas e voltas, brigas mesquinhas e disputas de ego, mas também por um magnetismo inevitável. Há uma tristeza particular em assistir um casal pelo qual torcemos enfrentar esses atritos, desejamos que o amor permaneça estável e ponto final. Ainda assim, a decisão de Witcher em inserir turbulências na trama foram importantes para revelar que nem toda história de amor se constrói na perfeição, aproximando a narrativa de uma realidade mais palpável.

Cena do filme Love Jones. Na imagem temos a imagem de Nina (Nia Long), uma mulher negra, de cabelo curto preto. Ao seu lado está Darius (Larenz Tate), homem negro, cabelo preto raspado. Eles estão em um restaurante, ao redor de várias mesas.

O filme não está disponível em nenhuma plataforma de streaming (Foto: New Line Cinema)

Há 28 anos, Uma Loucura Chamada Amor nos lembra que a paixão é só uma parte do processo. Como diz Darius, “amor é sobre a possibilidade da coisa”: nasce no encontro entre duas pessoas e segue nas etapas que vêm depois. Amar é permitir-se sentir e ser sentido, sem medo. Afinal, como todos nós sabemos, amor e medo não conseguem crescer no mesmo espaço.  

Ficha técnica:

Nome: Uma Loucura Chamada Amor - Love Jones (1997)

Gênero: Romance, Melodrama, Comédia Dramática

Duração: 109 minutos

Distribuidora: New Line Cinema

Produção: Nick Wechsler, Jeremias Samuels

Direção: Theodore Witcher